top of page
Benefícios do Alho para a saúde: Verdades e Mitos

Quais os seus benefícios para a saúde humana?

 

Desde a Antiguidade acredita-se nos benefícios que o alho traz para a saúde humana. As culturas egípcia, indiana, grega e romana tinham a visão de que o alho continha propriedades profiláticas e terapêuticas. O primeiro a descrever o efeito bactericida do alho foi Louis Pasteur.

 

Atualmente se reconhece cientificamente que o alho previne e trata infecções patogênicas, câncer e doenças cardiovasculares, tornando-se uma das ervas medicinais mais utilizados no mundo (1).Os componentes sulfurados do alho, como a aliina, alicina, dialil sufeto, dentre outros, são os que se destacam como benéficos para a saúde humana, e que promovem o odor característico do alho. Além disso, a grande quantidade desses componentes presentes no alho diferencia-o dos outros vegetais pertencentes ao mesmo gênero Allium. O nome científico do alho é Allium sativum (2,3). Além desses componentes sulfurados, encontram-se outros nutrientes na composição nutricional do alho, segundo a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO) da Unicamp (4):

 

 

Alimento em 100g/nutriente

Alho cru

Energia (kcal)

113

Proteína (g)

7

Lipídeos (g)

0,2

Carboidrato (g)

23,9

Fibra (g)

4,3

Cálcio (mg)

14

Fósforo (mg)

149

Sódio (mg)

5

Potássio (mg)

535

Magnésio (mg)

21

Vitamina B6

0,44

 

Pesquisadores de distintas regiões do mundo se debruçam sobre as propriedades medicinais do alho, para entender os mecanismos e o efeito de seus compostos em algumas doenças. Pesquisa científica do Kuwait avaliou os efeitos do consumo de alho cru e extrato fervido em água nos níveis séricos de glicose, colesterol e triglicerídeos em ratos durante quatro semanas. Diferentes dosagens dos dois tipos de alho (50 e 500 mg/kg) foram oferecidas.

 

Os autores observaram que o alho cru apresentou um intenso efeito na redução dos parâmetros analisados, podendo ter importante papel na prevenção de aterosclerose e diabetes.

 

Já o alho aquecido teve menor efeito nos níveis séricos de colesterol e triglicérides, e nenhum efeito foi encontrado na dosagem de glicose. Eles acreditam que o processo de fervura destrua os ingredientes voláteis, ativos e quimicamente instáveis do alho (5).

 

Cientistas argentinos fizeram uma análise mais detalhada da melhor forma de preparo do alho para verificar suas propriedades antiplaquetárias, e assim avaliar sua contribuição para a prevenção de doença cardiovascular.

 

Os resultados mostraram que a alicina e o tiosulfinato são os componentes que contribuem para essa propriedade antiplaquetária. Porém, moer o alho antes do cozimento pode reduzir essa ação. Mas a perda parcial dessa ação pode ser compensada se o consumo do alho for aumentado (6).Para verificar os efeitos hipocolesterolêmicos do alho, estudo randomizado, duplo-cego, controlado com grupo placebo foi realizado em homens com hipercolesterolemia entre 220 a 285 mg/dl e simultaneamente em animais.

 

O grupo que recebeu cápsulas de suplemento de extrato de alho, 800 mg diariamente durante cinco meses, teve diminuição de 7% no colesterol plasmático total e 10% no LDL-colesterol (lipoproteína de baixa densidade) plasmático, comparados com o grupo placebo. Similarmente em ratos a mesma suplementação reduziu 15% do colesterol total plasmático e 30% da concentração de triglicerídeos plasmático. Com esse estudo pôde-se verificar que a ação do alho na redução do colesterol e triglicerídeos ocorreu, em parte, pela inibição da síntese de colesterol no fígado, por meio dos componentes sulfurosos do alho, especialmente o S-alil-cisteína (7). 

 

Outro possível mecanismo dos efeitos benéficos do alho na doença cardiovascular é a de impedir a oxidação do LDL-colesterol, inibindo a iniciação e progressão da aterosclerose. Essa oxidação do LDL promove disfunção vascular pela ação citotóxica direta das células endoteliais, pelo aumento da propriedade quimiotática de monócitos e pelo aumento da proliferação de células endoteliais, monócitos e células musculares.

 

Todos esses eventos contribuem para o desenvolvimento da doença cardiovascular (8,9). Dessa maneira, a Associação Dietética Americana recomenda um consumo de 600 a 900 mg de alho por dia, correspondente a um dente de alho cru por dia, para a redução de colesterol sangüíneo total. Essa ingestão também pode ser proveniente da suplementação de alho (10).

 

Há ainda outros benefícios. Estudo chinês observou que o consumo de alho e outros alimentos do mesmo gênero, como cebola, cebolinha e alho porro, reduz o risco de câncer de próstata independentemente do peso corporal, ingestão total de calorias e de outros produtos alimentícios. Além disso, verificaram maiores efeitos em homens com câncer de próstata avançado. O consumo médio de alho foi de cerca de dois dentes por semana (11). Além disso, estudo clínico randomizado, duplo-cego, ainda verificou que o consumo de quatro cápsulas por dia contendo 500 mg de extrato de alho, que não tem odor forte, melhorou o sistema imune de pacientes com câncer avançado (cólon, fígado e pâncreas).

 

Os autores consideram que o alho seja um tratamento alternativo para esses pacientes, pois houve aumento da atividade de células exterminadoras naturais (natural killer), que destroem células tumorais, durante os três meses de acompanhamento (12,13).O Instituto Nacional de Saúde norte-americano lançou uma revisão sistemática de todo esse corpo de evidências a respeito do alho. No trabalho, que avaliou os efeitos do alho em diversas situações clínicas, verificou-se que o consumo de diferentes preparações, comparado com placebo, reduziu o colesterol sangüíneo total significativamente após um mês (reduções de pelo menos 1,2 mg/dl até 17,3 mg/dl em alguns casos).

 

Porém, um acompanhamento durante seis meses não identificou nenhuma diminuição no colesterol decorrente da utilização de alho. Assim também a ingestão de diversas formas de preparações de alho mostrou redução da agregação plaquetária. Contrariamente, observaram que o uso do alho não trouxe benefícios para a redução da pressão arterial, nem na glicemia de pacientes com ou sem diabetes, nem no câncer gástrico, colorretal, endometrial e laríngeo.

 

Os possíveis efeitos adversos no consumo do alho encontrados nos trabalhos analisados nessa revisão foram mau hálito e forte odor corporal (14).Finalmente, também se verifica no alho a propriedade antimicrobiana, destacando dentre seus componentes alicina e ajoene, com essa atividade mais intensa (15).

 

Isso é de interesse para alguns pacientes que sofrem de doenças infecciosas, quando optam por tratamento natural. Por isso, foi realizado um estudo que avaliou o sinergismo entre antibióticos e extratos de plantas, que incluía o alho, contra o Staphylococcus aureus. Dentre as plantas analisadas, o alho apresentou capacidade antimicrobiana sobre o Staphylococcus, porém com menor atividade sinérgica com as drogas (16). Porém, há autores que não observaram um resultado positivo, por exemplo, no uso do alho para o tratamento de infecção por Helicobacter pylori (17-18).

 

Portanto, evidências científicas identificam os efeitos benéficos do uso do alho em diferentes doenças.

 

Novos estudos devem ser conduzidos para avaliar os efeitos terapêuticos do consumo prolongado do alho, e para definir os tipos de preparações do alho in natura e a concentração dos componentes ativos para se obterem resultados efetivos.

 

 

Thiago Manzoni JacinthoBiólogo pela Univerdade de Mogi das Cruzes e Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

 

 

 

 

 

Referências:

1. Jakubowski H. On the health benefits of Allium sp. Nutrition. 2003;19(2):167-8.

2. Itakura Y, Ichikawa M, Mori Y, Okino R, Udayama M, Morita T. How to distinguish garlic from the other Allium vegetables. J. Nutr. 2001;131(3s):963S-7S. Disponível em  http://jn.nutrition.org/cgi/content/full/131/3/963S. Acessado em 1/11/07.

3. Jones MG, Hughes J, Tregova A, Milne J, Tomsett AB, Collin HA. Biosynthesis of the flavour precursors of onion and garlic. J. Exp. Bot. 2004;55(404):1903-18. Disponível em: http://jxb.oxfordjournals.org/cgi/reprint/55/404/1903. Acessado em 1/11/07.

4. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – UNICAMP. Disponível em: http://www.nutritotal.com.br/tabelas/?acao=bu&id=53&categoria=3. Acessado em 1/11/07.

5. Thomson M, Al-Qattan KK, Bordia T, Ali M. Including garlic in the diet may help lower blood glucose, cholesterol, and triglycerides. J. Nutr. 2006;136(3 Suppl):800S-802S. Disponível em: http://jn.nutrition.org/cgi/content/full/136/3/800S. Acessado em 1/11/07.

6. Cavagnaro PF, Camargo A, Galmarini CR, Simon PW. Effect of cooking on garlic (Allium sativum L.) antiplatelet activity and thiosulfinates content. J. Agric. Food Chem. 2007;55(4):1280-8. Disponível em: http://pubs.acs.org/cgi-bin/sample.cgi/jafcau/2007/55/i04/pdf/jf062587s.pdf. Acessado em 1/11/07.

7. Yeh YY, Liu L. Cholesterol-lowering effect of garlic extracts and organosulfur compounds: human and animal studies. J Nutr. 2001;131(3s):989S-93S. Disponível em: http://jn.nutrition.org/cgi/content/full/131/3/989S. Acessado em 1/11/07.

8. Lau BH. Suppression of LDL oxidation by garlic compounds is a possible mechanism of cardiovascular health benefit. J. Nutr. 2006;136(3 Suppl):765S-768S. Disponível em: http://jn.nutrition.org/cgi/content/full/136/3/765S. Acessado em 1/11/07.

9. Durak I, Kavutcu M, Aytac B, Avci A, Devrim E, Ozbek H, Ozturk HS. Effects of garlic extract consumption on blood lipid and oxidant/antioxidant parameters in humans with high blood cholesterol. J Nutr Biochem. 2004;15(6):373-7.

10. Hasler CM, Bloch AS, Thomson CA, Enrione E, Manning C. Position of the American Dietetic Association: Functional foods. J Am Diet Assoc. 2004;104(5):814-26.

11. Hsing AW, Chokkalingam AP, Gao YT, Madigan MP, Deng J, Gridley G, Fraumeni JF. Allium vegetables and risk of prostate cancer: a population-based study. J. Natl. Cancer Inst. 2002;94(21):1648-51. Disponível em: http://jnci.oxfordjournals.org/cgi/content/full/94/21/1648. Acessado em 1/11/07.

12. Ishikawa H, Saeki T, Otani T, Suzuki T, Shimozuma K, Nishino H, et al. Aged garlic extract prevents a decline of NK cell number and activity in patients with advanced cancer. J Nutr. 2006;136(3 Suppl):816S-820S. Disponível em: http://jn.nutrition.org/cgi/content/full/136/3/816S. Acessado em 1/11/07.

13. Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Células e Órgãos do Sistema Imune. Disponível em: http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr-bio/trab2004/2ano/imuno/celulas.htm. Acessado em 1/11/07.

14. Garlic: Effects on Cardiovascular Risks and Disease, Protective Effects Against Cancer, and Clinical Adverse Effects. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/bv.fcgi?rid=hstat1.chapter.28361. Acessado em 1/11/07.

15. Naganawa R, Iwata N, Ishikawa K, Fukuda H, Fujino T, Suzuki A. Inhibition of microbial growth by ajoene, a sulfur-containing compound derived from garlic. Appl Environ Microbiol. 1996;62(11):4238-42. 

16. Betoni JE, Mantovani RP, Barbosa LN, Di Stasi LC, Fernandes Junior A.Synergism between plant extract and antimicrobial drugs used on Staphylococcus aureus diseases. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2006;101(4):387-90. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0074-02762006000400007&lng=en&nrm=iso&tlng=en. Acessado em 1/11/07.

17. Martin KW, Ernst E. Herbal medicines for treatment of bacterial infections: a review of controlled clinical trials. J Antimicrob Chemother. 2003;51(2):241-6. Disponível em: http://jac.oxfordjournals.org/cgi/content/full/51/2/241. Acessado em 1/11/07.

18. O'Mahony R, Al-Khtheeri H, Weerasekera D, Fernando N, Vaira D, Holton J, Basset C. Bactericidal and anti-adhesive properties of culinary and medicinal plants against Helicobacter pylori. World J Gastroenterol. 2005;11(47):7499-507. Disponível em: http://www.wjgnet.com/1007-9327/11/7499.asp. Acessado em 1/11/07.

 


Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado 
http://www.portaleducacao.com.br/medicina/artigos/3426/alho-quais-os-seus-beneficios-para-asaudehumana#ixzz2Y2Zkv9k6

bottom of page